Infarto está associado à depressão
Estudo diz
que pacientes cardíacos tendem a sofrer de doença
psíquica
Pessoas que se queixam de dor
forte no peito causada por isquemia no coração (angina)
ou já sofreram infarto têm grande chance de manifestar
depressão, e a probabilidade de morrer por doença
cardíaca é sete vezes maior.
É o que indica pesquisa com 135
pacientes com síndrome isquêmica coronariana aguda,
atendidos no Instituto Nacional de Cardiologia (INC), no
Rio.
A maioria dos participantes
(53,3%) desenvolveu a doença psíquica e, segundo os
autores, fatores como hipertensão arterial e vida
sedentária pioram ainda mais os sintomas depressivos. O
problema é que, geralmente, esse quadro é negligenciado.
Para chegar ao diagnóstico de depressão, os autores
aplicaram a escala de Beck (um questionário para avaliar
risco) nos participantes, internados num período de
cinco dias.
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A média de idade deles era de 61,8 anos,
sendo 40% mulheres. |

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Do
total de pacientes, 98 tiveram infarto agudo e
37 sofriam de angina estável. Um grupo de 72
pessoas manifestou depressão: 42,28% um quadro
moderado a grave e 57,7% sintomas leves. E a
prevalência foi maior nas mulheres: 64,8%.
Segundo cardiologistas, a depressão é pouco
valorizada nesses casos, e esses pacientes
precisam de atenção especial e tratamento ainda
no hospital. Isso inclui psicoterapia e até
mesmo uso de medicamentos contra depressão.
- A depressão prejudica muito a recuperação do
indivíduo com doença cardíaca, e o risco de
morte nesse casos é sete vezes maior. Além
disso, esses pacientes costumam desenvolver
complicações graves - diz o cardiologista Marco
Antonio Mattos, um dos coordenadores da pesquisa
e diretor do Instituto.
Tratamento inclui apoio psicoterápico Mattos
destaca que embora o número de mulheres
acompanhadas tenha sido menor que o de homens, o
estudo mostrou que as cardíacas são propensas a
ter depressão. A preocupação é maior porque,
devido a vários fatores, o sexo feminino é mais
vulnerável às doenças cardiovasculares.
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Suas artérias
também são mais finas que a dos homens e a
partir de certa idade já não contam com o efeito
protetor do hormônio estrogênio.
Num infarto, por exemplo, as mulheres podem se
queixar de sintomas diferentes dos homens.
Nem sempre elas apresentam a dor no peito que se
irradia para o braço. Às vezes só reclamam de
cansaço, malestar e dor no estômago, o que
dificulta o diagnóstico. Esse inclusive é um dos
motivos de mal atendimento desse grupo em
emergências.
- Se além de um infarto elas sofrem depressão, a
situação torna-se ainda mais grave - afirma o
cardiologista. - É preciso iniciar logo o
tratamento contra a doença psíquica em caso de
diagnóstico.
No hospital, o especialista deve analisar a
necessidade de psicoterapia e uso de
antidepressivos, diz Mattos.
- As drogas mais modernas são seguras e não
interferem nos medicamentos que o paciente
precisará tomar para controlar a angina ou para
prevenir um infarto - explica.
A escala de Beck é aplicada no Brasil e de uso
corrente em estudos internacionais similares.
Ela possibilitou o diagnóstico da depressão e de
seu grau de intensidade, conforme a pontuação
obtida em 21 indicadores.
A análise, que varia de zero a 63, classifica a
depressão em nível grave ao se aproximar do
topo.
- Às vezes a depressão é latente e o infarto ou
outra doença cardíaca funciona como um gatilho,
desencadeando a doença psíquica. Daí a
importância de fazer a avaliação psicológica
desse indivíduos ainda no hospital ou clínica.
A depressão se apresenta de várias formas, mas
os sinais de alerta são desânimo, desinteresse,
cansaço fácil, dificuldade de concentração,
alterações do apetite e do sono, sensação de
medo e insegurança, baixa auto-estima, além de
interpretação distorcida e negativa da
realidade.
O Ministério
da Saúde estima que dez milhões de brasileiros
sofram da doença.
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